sábado, 19 de outubro de 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

correr à noite no Porto Urban Trail


Inscrevo-me nas provas sempre por desafio, dos outros. Da única vez que me quis desafiar a mim própria, lesionei-me nos treinos e fartei-me de chorar, como se fosse uma tolinha, ou pior, como se correr fosse a minha actividade profissional...
Parece que ainda estou a ver a cara do ortopedista a dizer-me " se quiser ir correr a prova não a posso impedir, mas não o fará com o meu consentimento" puff! De cada vez que o encontro no corredor, a memória embaraçada deste momento faz-me parecer que ele se ri de mim, por dentro.  Mas depois rezo para que seja cisma minha.
Bem, desta vez, inscrevi-me no Porto Urban Trail porque "porque não?", e foi tudo diferente do que eu esperava.
Primeiro: achei que ia dormir depois da noite MAS mentira, não dormi um minuto.
Segundo: achei que ia descansar em casa MAS mentira, tive que ir de comboio aos meus pais buscar o carro, o comboio avariou, e demorei 1h30, a mais.
Terceiro: achei que ia passar o dia sem pensar no assunto MAS mentira, passei o dia a doer-me a barriga de nervos miúdinhos. "ai não vou conseguir dormir, ai o comboio avariou, ai queria tanto chegar a horas do almoço da minha mãe, ai ainda tenho que ir para o Porto, e a conduzir, ai ainda tenho que ir buscar o bolo de aniversário da mana aos Bolos Felizes, ai como é que vou correr sem domir desde ontem, ai como é que vou chegar aos 12km, ai cheguei a casa 1h antes da hora marcada  no gym, ah mas ainda tenho que lanchar/lantar" CREDO!
E a prova? Uma surpresa, daquelas mesmo boas!
A equipa inscreveu-se em peso, recebemos uma tshirt oficial de equipa, que há muito merecíamos, que todos os ginásios de esquina já tinham, mas que o nosso club hesitava em dar!!


O Porto estava lindo, cheio de luz, nossas e da cidade, e estava tanta, tanta gente, que parecia S.João. Entre Gaia e Porto, cada um iluminou o seu caminho. O percurso foi bem planeado, duro, mas estruturado, cada vez que subíamos muito tinhamos uma descida ou plano para recuperar. As escadas foram mil, e os suspiros por todas as varandas inesperadas da cidade que me arrebataram, esses então, perdi a conta.
Atravessamos o tabuleiro da D. Luís duas vezes, subimos a rebeira de Gaia por ruas e ruelas, passamos por dentro de uma cave do vinho do Porto, passamos os claustros da Serra do Pilar, descemos e descemos, subimos a escadaria dos Guindais, corremos pela muralha... por ruelas que não sabia existirem, pelos jardins do Palácio de Cristal, e podia continuar, mas esta corrida foi como um romance, dos bons.
Quando acabou, eu já sabia que para o ano queria mais. Só gostava de não esperar 5 minutos completos na Serra do Pilar para passar por uma porta, nem de só ter um abastecimento ao longo  dos 12km, quando subir escadas dá tanta cede!
A cereja em cima do bolo? Quando terminei a minha andorinha já tinha aterrado no Porto, ainda estava acordada, e em minha casa. Quando cheguei, ela disse o meu nome, sem erros: Inês, e deu gritinhos de alegria por me ver, tudo fez mais sentido e foi melhor.

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