quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

direito a morrer

porque morrer também é um direito

(porque a vida nem sempre é cor de rosa...)
Sou enfermeira, não é segredo para ninguém. 
Há quem pense que esta é uma profissão como outra qualquer, mas esses não sabem do que falam. Ser enfermeiro, além das técnicas que envolve, do saber-saber, do saber-fazer e do saber-estar, implica tocar. Eu toco nas pessoas, substituo-as nas suas actividades mais pequenas, e por isso também as maiores, o comer, o tomar banho, ir ao WC, o levantar, etc..  Toco nas pessoas e olho para elas, faz parte, e mesmo que não fizesse, não seria possível evitar. Olho-as e além do meu trabalho, esforço-me mesmo por não me afeiçoar a elas, mas é muito difícil. É difícil porque, quando temos sorte, elas estão capazes de nos olhar de volta. Muda tudo, pese embora fosse mais simples se não mudasse, mas muda. 
Por trabalhar em traumatologia craneoenfálica já vi coisas inesperadamente boas, e coisas grotescas, como aquele doente que tivemos durante meses em coma, cujo nome foi, do principio ao fim... masculino não identificado, um filho de alguém, a quem não nos foi possível avisar e dar tempo para as despedidas...
Contabilizando o estágio já sou enfermeira há mais de 10 anos, mas ontem quando cheguei a casa só queria mesmo chorar, mas não consegui.
Um dos meus doentes daquela tarde estava à espera de morrer, há 3 dias... Não, ele não estava em sofrimento, mas estava a deixar de respirar gradualmente, embora muito devagar. O que ia eu dizer à família?Que ainda não morreu, ou que ainda está vivo? Como é que olho para o meu doente, connosco há semanas, e o encaro, neste prolongamento desumano e indigno, que a medicina faz à vida das pessoas? Ouví-o respirar tranquilamente, ouví-o parar de respirar prolongadamente por quase 2 minutos, e ouví-o voltar a respirar sofregamente, como se acordasse de um susto. É impossível saber se fico ou se saio, ou se o deixo ali a morrer, sozinho... O que pedir à família? Para ficar e assistir? Talvez haja quem tenha coragem de lhes exigir isso, ou a coragem de ficar. Mas eu, eu que toco nos meus doentes, e os olho nos olhos, acho que morrer é um direito. E quem disser que não, espero que um dia não seja condenado a morrer assim.

domingo, 26 de janeiro de 2014

movie time - porque sonhar é seguro


Janeiro é por tradição meteorológica um mês de frio que convida à reclusão, cá em casa não tem sido diferente. E além do mais, os Óscares estão já ai, é preciso mantermo-nos actualizadas, porque até para quem gosta de vestidos, não é assistir toda a cerimónia sem conhecer que filmes estão a concurso. 
Por isso, e porque um filme é a arte de nos levar a uma outra realidade, de nos fazer viajar, de nos por noutro lugar, e noutra pele, mas principalmente porque conta uma história e às vezes faz sonhar, carreguem no play comigo.
O lobito é um jovem ambicioso e sonhador, que tinha o dom de liderar e motivar. Inspirava todos à sua volta, levando-os aonde ele queria, fosse a comprar ou a vender. Mas o lobito que não queria dizer que não, nem ouvir um não, e perdeu-se no excesso de ambição, de drogas, de sexo, de luxúria, foi traído pela sua excessiva confiança, e perdeu tudo. No final, mesmo sem as coisas, que para ele antes eram tudo, ele não é um vencido, contrariando o final de boa moral que seria de esperar. 
Talvez por isso este seja um filme sobre o qual toda a gente fala. Não, não é só pela boa forma física do Leo, ou do seu eterno ar de miúdo, eu tenho para mim que este filme tem o potencial de nos fazer acreditar nos nossos sonhos, e que mesmo que eles mudem, ou não durem para sempre, a vida continua com a sua magia. E por isso este é um filme que nos faz sentir, não a necessidade de comprar uma caneta, mas a necessidade de manter o sonho vivo aqui dentro, e ir ao cinema. 
Mas atenção, é um filme que pode tirar o sono!!!

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

sábado, 11 de janeiro de 2014

let´s celebrate


O ano passado foi um daqueles anos em que senti que ano novo vida nova.
Queria mudar, perder a pele, sim, como  as cobras, queria mais, mais de mim, e fazer as coisas que realmente me fazem feliz. Todas as vezes, e todas as pessoas, que reclamaram e não entenderam porque ia tanto ao gym, que gozaram porque eu corria, porque corria sem chegar a lado nenhum... não fez diferença. Os meus trinta anos, e uns meses de disciplina mental prévia que o desporto me deu, fizeram com que desistisse de me agarrar ao medo, ao cómodo, e continuasse em frente. 
Acho que quem olha não vê a diferença em mim, esta é uma diferença que eu trabalhei narcisamente cá dentro, simplesmente porque queria sentir-me mais próxima de mim própria, sem me preocupar. Tive sempre tanta preocupação em ter certezas que, às tantas, foi-me difícil ter dúvidas e viver com elas, ou para além delas.
Os trinta anos permitiram-me que não sentisse mais vontade de provar que sou independente, e feminina, e forte, e segura. Se durante os vinte cresci, e quis muito provar que havia crescido, porque precisava mesmo, de alguma maneira fez-me perder da menina que tenho hoje a certeza, serei sempre, e da convicção de que sou muito mais mulher assim.
Para quem olha, esta  mudança que senti materializou-se neste meu querido cliché. Foi fundamental ter-me rendido aquela que foi a minha primeira grande paixão, as palavras. Se é certo que nunca deixei de ler, pese embora tenham existido momentos em que li mais ou menos, os livros nunca deixaram de fazer parte de mim, mas com o tempo não soube manter a minha relação com a palavra escrita. Escrever faz parte de mim, e o Cliché Cor de Rosa devolveu-me a esta parte que me é essencial. 
Durante um ano de cliché foi muito bom ouvir o feedback de todos, daqueles para quem foi uma surpresa completa, daqueles que sabiam da minha paixão, mas nunca a tinham lido, mas admito que foi sobretudo ouvir a minha família que me fez sentir que estava certa.
Embora seja um blogue que reprovará em todas as estratégias de marketing blogueiro, porque não é tematico, porque é muito pessoal, porque não é estratificado, porque não o associo a marcas, porque não tem uma periodicidade estipulada, enfim, o meu cliché é-me muito querido.
Gosto que tenha sido uma surpresa para muitos, gostei de me aperceber que pessoas que eu não esperava lessem o blogue e gostassem, mas gosto mais ainda que nada disso determine ou influencie a minha vontade de escrever, post após post. Gosto quando um post é lido por mais do que os 20 ou 30 seguidores habituais, mas também não me faz desistir das rubricas mal amadas, como o "na minha mesinha de cabeçeira mora".
Vou celebrar o aniversário do cliché juntamente com o meu, e sendo assim, não quero deixar de agradecer a todos vocês que têm estado, virtual e fisicamente, comigo. Obrigada, porque a vida é para celebrar, e eu já posso comemorar 30 e 1.
Agora vou só subir nos saltos e sair para dançar!!! play*****