terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

movie time: 12 anos escravo

Um murro no estômago. 
Uma pausa no tempo.
Um arrepio frio, gélido, que interrompe a ligeireza com que se escolhe um filme à Sexta-feira à noite.
Na verdade, o titulo não engana ninguém, foi apenas mais uma escolha minha, sem calcular o impacto. 
E podia resumir-se aqui a (ultrajante) história de um homem livre que é enganado, raptado, a quem privam de tudo, família e liberdade, e o condenam ao estatuto de objecto, por infernais 12 anos, podia, porque a história é mesmo esta. Mas o que mais me marcou foi o poder das memórias felizes que o permitiram sobreviver, que nos permitem a todos, arrisco eu a afirmar, de como a inteligência é uma arma, ou um obstáculo, dependendo se nos deparamos com pessoas medíocres que se sentem, e bem, ameaçadas por ela. 
O que é que o fez resistir? A esperança, a capacidade de trabalho, a solidariedade para com os pares, o saber calar, mas ainda acreditar. Não sei, se o que me fez chorar a mim naquela hora, e custar a adormecer mais tarde, se foram as duras cenas de violência, se foi saber que há uma verdade nesta história, se foi quando ele conseguiu voltar a ter, clandestinamente, papel e caneta, e escrever, ou se foi quando ele perdeu o que o definia como pessoa, a sua música. 
Um filme que recomendo, apesar de duro, porque não nos deixa indiferentes, mexe tudo cá dentro, como só um bom filme sabe fazer.No fim do filme, quando sentimos e sabemos que há um pouco do filme que fica connosco, que vamos recordar, sabemos que foi um bom filme, não apesar das lágrimas, mas por elas.

p.s: tenho que dizer que os cenários, a caracterização soberba de todas as atrozes cicatrizes, e o desempenho dos actores ainda agora, que fecho os olhos e recordo, me arrepiam a pele.

Sem comentários:

Enviar um comentário