segunda-feira, 2 de março de 2015

segunda-feira, 2 de março de 2015

Sábado, 8h da manhã, a chover, o que fazer?

Correr, correr, correr. 
As minhas semanas têm sido assim, a correr. Voltar aos treinos (para mim) implica sempre voltar a correr, porque realmente é na corrida que me sinto mais feliz. Com isto, o tempo tem passado também a correr. Não tarda nada estaremos na Páscoa, diz aqui a minha agenda, e entre a surpresa e a ansiedade, mal consigo acreditar, já?
E então, deixemos o tempo, para voltar à corrida. Sinto que me estou a repetir, mas sem conseguir controlar o impulso de contar. Este fim-de-semana fui fazer uma prova de trail, coisa que já não fazia há mais de um ano. Faço pouquíssimo trail, mas gosto muito, é que para fazer trail preciso que: seja inverno porque não aguento o calor, que as provas tenham uma opção de percurso mais ou menos até 15 km e muitas rondam dos 20 e muitos aos 40 km, preciso de estar com pernas para subir monte, e ainda, preciso de não estar a trabalhar ao fim de semana. Logo, faço pouquíssimo trail. 
Trail é para os duros, para quem o desafio que uma geografia escarpada e íngreme é mais atraente que a segurança do alcatrão. Para quem não tem medo, medo de cair, medo de lama, medo de poder estar sozinho cheio de gente em comunhão com o que de melhor a natureza nos tem para dar, a sua beleza. O trail também é para aqueles que respeitam a natureza, porque no trail não há centenas de garrafas atiradas ao chão durante o percurso, no trail primeiro vem a natureza, e só depois nós.
Tudo começou com o despertador às 7 h da manhã, a um sábado, e foi a primeira vez que questionei a minha decisão. Inês podias estar a dormir, tens cada ideia. Chegados a Braga o nevoeiro e a chuva tinham-nos acompanhado durante a viagem, e não era preciso, mesmo.
Começa a prova. Os primeiros cinco km foram de revolta interior. Mas porque, porque, porque é que eu tenho estas ideias, porque ? Eu devo achar que sou atleta, só pode, ou isso, ou tenho que perder 15 kg porque mal posso com estas pernas, e o coração? Não sei se não vai saltar boca fora até ao fim da prova. Os dois primeiros km da prova foram sempre, sempre a subir. Eu e os meus gémeos nem queríamos acreditar que fosse possível tanta inclinação e dor seguida. E até ao primeiro abastecimento tudo em mim era desespero, e vontade de desistir. Só já no abastecimento, depois da água e dos gomos de laranja, é que recuperei a coragem e desfrutei. Pese embora o pior ainda estivesse para vir. Arriscava-me a dizer que 10 dos 17 km foram a subir, não por estradas ou caminhos, mas corta fogos que desafiariam qualquer jipe todo o terreno com a tracção às quatro engatada. Os últimos 5 km foram a descer, e se descer me dá muito medinho de cair, pelo menos para as pernas foi bom, e efectivamente pudemos correr. Esta prova com toda a dureza que foi teria sido perfeita sem o nevoeiro, que não nos largou, porque imagino que as paisagens fossem também como as subidas, de tirar o fôlego. 
No final, a alegria de estar a terminar, de ter conseguido resistir à tentação que foi desistir, de me ter superado quando achei que não era capaz, mais a experiência de ter corrido em trilhos tão difíceis para mim, foi maior que tudo. Superar, superar-me dá sentido a tudo. 
É claro que ter a ilusão de que depois da prova podia ir trabalhar à tarde, e ir mesmo, é uma péssima ideia, e que recomendo vivamente que não sigam. 
Por último, quero agradecer à T.L. que trocou o turno comigo, ao grupinho que me acompanhou durante a prova, muito em particular à I. por ter sido, e ser sempre, uma parceira sem igual, que tantas vezes esperou por mim para me desafiar sempre a continuar. Obrigada parceirinha! 

aqui venho eu aos saltinhos
e a sorrir!!!

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Marta quando te ligo a queixar-me disto ou daquilo não são estes elogios que me dizes :)

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  2. Boa! Que grande atleta! Também ando para experimentar Trail!

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    1. Pedro, queres? O próximo é dia 19 Abril, não é bem trail, porque é uma daquelas provas de obstáculos, mas é no monte, no Diver Lanhoso, anda! vai ser só terra!

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