terça-feira, 5 de maio de 2015

terça-feira, 5 de maio de 2015

350gr de amor

Conta a minha mãe que eu, desde os 2 ou 3 anos, sempre que via um cão tinha que lhe fazer um carinho, e que a minha irmã, por seu lado, não podia ver animais na rua, e assim sendo, com duas filhas desta raça, a família rapidamente cresceu com a gata Fofinha e o cão Putchi. Desde então, tivemos sempre animais, digo antes, cães. Entre aqui e Resende foram imensos os animais que já tivemos, a larga maioria deles recolhidos na rua. 
Recordo-me que no meu 5º ano eu e os meus vizinhos formámos um grupo cujo objectivo era alimentar, e proteger das denuncias ao canil, os cães abandonados que apareciam nos jardins do prédio. Lembro-me que havia um dia na semana em que eu era responsável por os alimentar, que chegaram a ser 4 ou 5, mas é do Velhinho e do Leão que guardo memórias tão ternurentas como as que tenho dos meus próprios cães. 
O Velhinho era um cão já idoso que apareceu aqui com muitas feridas e já cego de um olho. Seguia-nos para todo o lado e era mesmo, mesmo muito meigo. Até as minhas vizinhas da brigada anti-cães gostavam dele. Para o proteger do canil tinha uma coleira, e morreu aqui connosco, adoptado por uma vizinha. O Leão era um cão enorme, branco e castanho, novinho, lindo, lindo, e que só fazia disparates. Era buracos no jardim, era seguir-nos até à escola, avançar as grades e ir ter connosco à aula de Educação Física destabilizar tudo, a nós porque nos riamos com ele a correr, às tontas das minhas colegas porque tinham medo dele. O Leão teve várias famílias adoptivas, mas fugia e uns dias depois regressava para nós. Não foi possível ser adoptado porque ele já nos tinha adoptado a nós. Um dia uma vizinha chamou pela milésima vez o canil, e nós não o conseguimos esconder...
Portanto os animais sempre fizeram parte da minha vida, mas desde há 9 anos, quando fiquei a morar sozinha deixei de poder ter um dos meus cães comigo, por conta dos horários. Entre o aprender a viver sozinha, a especialidade e as obras cá em casa os anos foram-se passando. Ir a Resende era mais do que estar com os meus pais, era estar também com os meus cães, era e é estar em família. Dava para matar as saudades, e vê-los lá os 5, todos juntos, e felizes, confortava-me e preenchia o vazio que sentia. E assim foi, até o dia em que deixou de ser suficiente. Todos aqueles que têm animais de estimação me irão compreender porque, na verdade, não há absolutamente nada que substitua o afecto e a ligação que temos com os nossos animais. 
Como as condicionantes para ter um cão se mantinham, lá diz o ditado quem não tem cão caça com gato. Mas não foi fácil, porque a esta altura do campeonato a decisão já não era só minha, e foi preciso muita campanha, angariar apoiantes, plantar a ideia, ser muito firme e persistente, e campanha, campanha, campanha!!! O argumento final foi o Thor da I&A, obrigada aos três pelo apoio! Seis meses depois ganhei as eleições, e há duas semanas ganhei o melhor presente de sempre: 

Nocas, 1 mês e 1 semana e 350gr de puro amor


Sem comentários:

Enviar um comentário