domingo, 20 de setembro de 2015

21km a correr para acreditar

A dois dias da Meia Maratona do Porto fui desafiada, e aliciada com um dorsal, a correr a prova. E fui. Mas foi tão inesperado que houve até quem tenha dito "agora a sério, quem vai correr a prova Domingo que lavante a mão" e eu lá mantive a minha mão temerosa levantada. Sem ressentimentos PS, eu própria estava repleta de surpresa e reticências.
Fazer esta prova só fez sentido por ser um pedido da minha parceira de corrida, que é aquela pessoa que corre ao meu lado, e tantas vezes é a lebre, que me desafia e mantém a motivação, mesmo naqueles dias em que não apetece nada treinar. Começamos por ser parceiras de corrida por mero acaso e hoje em dia posso dizer que foi um acaso muito feliz e que acarinho muito.
Mas, com eu ia a dizer, não gosto nada da Meia Maratona do Porto, porque é em Setembro e está calor, e eu odeio correr com calor, porque o percurso é muito repetitivo, só a marginal do Freixo corre-se três vezes, o que em termos motivacionais para mim não resulta, além de ter que estar a gerir o esforço, e as eventuais dorzinhas que gostam sempre de dar o ar da sua graça nestes dias, passo a prova toda a pensar que ainda vou voltar para trás e voltar, enfim, não gosto mesmo nada. Mas fui.
Fui e comecei bem devagarinho, para me certificar que tinha pernas até ao fim. Algures entre os 11 e 15 km foi muito bom porque percebi que ia terminar, daqui para a frente uma bolha num pé e uma dor no tornozelo do outro pé quiseram acompanhar-me até à meta e já não foi assim tão feliz.
Aos 20 km voltou a alegria, e já não quis saber das dores, cheínha de fome, começo a correr o mais rápido que o meu estômago colado às costas deixa, até às 2h17min. Podem achar que é muito tempo, e foi, as minhas perninhas que o digam agora, mas uma coisa é certa, valeu todo o esforço. Valeu a pena tentar, e valer a pena arriscar, porque na corrida, como em tudo na vida, o é importante ter os parceiros certos do nosso lado, mas acima de tudo, dar o litro e acreditar.
Obrigado parceirinha!

Foi assim que tudo começou, com o charmoso do Thor a dar-nos força
aos 13km a minha cara diz "acredito!"
No final não poderia estar mais feliz por o ter(mos) conseguido. Na próxima MM prometo
que treinamos para não custar tanto.

O percurso está aqui, foi devagar mas foi non stop: Garmin Connect

terça-feira, 15 de setembro de 2015

alma gémea, o regresso

Regresso a ti, e tu regressas ao mar salgado. Talvez este regresso seja uma separação, ou subtraindo o dramatismo, seja simplesmente um caminho diferente, mas não necessariamente divergente. 
A verdade é que a geografia nos trai, separando-nos, mas nos une, nesta distância que teima em se manter entre nós. Quanto mais longe, e quanto maior é o tempo que nos mantemos afastadas uma da outra, mais eu regresso a ti, meu cliché, porque, cá dentro, deste casulo que exteriorizo, em catarse, sinto-me somente eu. E quem além de ti, alma gémea, me faz sentir tão segura e tão certa de mim? Reúnes o bem e o mal, e adoro-te quase sempre, embora às vezes me enfureças com o teu síndrome de astro.  
Sei que tenho sorte, e sinto sempre necessidade de o manifestar. Tenho sorte por te ter na minha vida, por o nosso amor maior nos ter ensinado o Amor, por estarmos sempre disponíveis, e prontas, a tirar o tapete uma à outra, e a reunir os cacos logo de seguida. 
Estás sempre a reclamar o meu regresso a este cliché, de tal forma, que foram várias as ameaças a que me vi sujeita. Por variados motivos não podemos discutir aqui a legalidade desse teu método. Contra todas as expectativas, agradeço-te por isso, porque ter-te-ei já agradecido, vezes sem conta, por tudo o mais que haverá a agradecer. 
Sinto que, de cada vez que voltas e partes, és cada vez mais minha, e somos cada vez mais uma só. Como se a distância nos beneficiasse com a clarividência de sentir, e saber, sem palavras ou olhares. Batemos os olhos uma na outra só para confirmar, e as palavras estranhamente dizem apenas o que sabíamos de antemão. 
Sei que és diferente, que és maior, que a adversidade passa por ti, não sem custo, mas sem hipótese de espalhar o medo. E quem diria, que serias tu a ganhar ao medo? O gritinho que não ouvi, mas sabia que tinhas dado naquele salto da lagoa escura, as lágrimas que não posso ver mas sei que as estás a chorar... minha irmã, minha alma gémea. 
Que as palavras unam a distância, que a distância dissolva as fraquezas, que o tempo dissipe a adversidade, porque a falta que me fazes só não é maior do que o nosso amor, e um dia só vamos lembrar a magia de cada regresso, e o brilho no olhar.