sábado, 30 de abril de 2016

Madrid foi muito mais do que a maratona

Já tinha ido a Madrid, numas saudosas girls tour, e portanto desta vez pude desfrutar da cidade sem aquela sofreguidão de quem quer ver e conhecer tudo (que me caracteriza). Foi assim:

Já se sabe que quando se tem medo o melhor é levar a " artilharia" connosco, corre sempre tudo melhor!!!

Levantamos os dorsais logo que chegamos e divertimo-nos na feira. 

Eu tentei disfarçar que sou tão mais pequena que ela, mas o meu fotógrafo não me cortou os pés...

Regresso ao Palácio de Cristal, já sem conseguir tirar o pensamento no dia seguinte

Foto tipo clichê que eu A-D-O-R-O

Estava SÓ um bocadinho de vento no Retiro, mas quem é que resiste a este ambiente de romance? 

Este jogo tão charmoso de luz e sombra no qual Madrid é tão prodigiosa, a par das suas inúmeras portas - Porta de Alcalá (iria passar por esta no dia seguinte também)

Eu tentava mas nada me deixava abstrair daqueles 42 km aos saltos na minha cabeça 

Adorei este sinal e acho MESMO que o devíamos importar !!

Este sítio é tão giro, pena que já não me recorde do nome, fica mesmo no cimo do Passeo del Prado

Todo um kit cor de rosa preparado ao detalhe ( vi imensas sapatilhas iguais às minhas, porque será? ) calções nenhuns!

Palhaçada total antes de sair para jantar após a maratona, fui ver o gym do hotel e puxar aquele ferrito com 10kg umas duas vezes! Fez toda a diferença !!

Detalhes de uma arquitectura que de que já tinha gostado da primeira vez, e agora me encantou ( espero que entendam a piada, esforcem-se) 

Bares giros, se as noites estivessem menos fresquinhas, mas ideias boas para varandas de casa baratas e super acolhedoras.

Palácio Real, e eu, no dia a seguir à maratona, a exibir a minha euforia, alegria e boa forma. Tudo junto, temperado com a criancinha que nunca deixeirei de ser, se correr tudo bem. 

Catedral de Almudena, tinha saudades tuas e fui lá agradecer o pai nosso e o sinal da cruz, porque a minha mãe lá me ensinou que não é só pedir, temos que ir agradecer, e no final das contas sou uma ovelha torta, mas parece que faço parte do rebanho

Templos egípcios em Madrid ? Diz que sim!

Por pouco a guia japonesa não me batia por ter subido à estátua, mas como é que eu ia resistir a este ursinho fofo (outra vez)?

Talvez Madrid seja o meu Km0 para uma próxima corrida. Quem sabe ?

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Depois da maratona, obrigada !

Depois da maratona é preciso, mas difícil, voltar à realidade. Talvez o facto de ser a primeira, de ter sido muito sonhada e receada, de ter sido tão longe de casa, faça com que tudo pareça ainda mais mágico e feliz do que foi. E foi muito, foi mesmo muito feliz, tenho que sublinhar isto. 
Foi feliz porque consegui, claro. Porque a minha (realista) ambição era terminar sempre a correr e conseguir desfrutar, e consegui-o. Entre o nervosismo dos primeiros quilómetros e as dores dos quatro últimos, a alegria foi tanta que nunca terei palavras. 
Preparei-me afincadamente para a maratona e foram muito poucos os treinos que não cumpri, e por isso há uma coisa que vos posso garantir, se eu consegui qualquer um, com motivação e espírito de sacrifício, consegue. Mesmo. 
Entendo tão melhor agora os meus colegas quando me diziam que quanto mais duro o treino maior a festa na prova. Sempre achei que havia um certo paternalismo nestes comentários, e que ia sofrer a prova toda e pronto, mas não, valeu a pena todo o empenho. Diziam também que os primeiros 30km se corriam com as pernas e os restantes 12km com o coração. Ora, isto também nunca me tranquilizou porque era uma distância muito grande para por a cargo do coração. Acho que acabei por correr tudo com o coração até aos 38km e só depois chamei pela cabeça, as pernas correram sempre mas não lhes liguei nenhuma. 
Mas este post serve para dizer uma coisa: obrigada. 
Há um grupo especial de pessoas sem as quais, a conquista desta meta, entre sorrisos e lágrimas de pura emoção, não teria sido possível.
Ao Ricardo, por não ter hesitado nesta loucura comigo e por ter sido, como sempre, o companheiro ao ritmo certo. 
À minha irmã porque só ela sabe sempre as palavras certas para me fazer ir mais longe. És a minha melhor metade, e por isso obrigada por me guiares a ser melhor, mais segura e tão mais feliz. Podia dizer que só faltaste tu naquela meta mas seria mentira, estavas comigo em cada lágrima e cada sorriso. 
E aos meus pais, que não entendem bem esta minha adição, mas posso assegurar que o meu pai é o melhor carro vassoura que há, e a minha mãe a melhor claque. 
Ao Miguel por ter alinhado tantas vezes em tantos treinos longos comigo, sem ti não tinha conseguido. Neste ponto em que estamos já não sei bem quem é que inspira quem, e adoro isso. És um orgulho. 
Às minhas parceirinhas por entenderem a loucura e apoiarem sempre. A cada controlo de tempo sabia que estavam comigo e que afinal até estava a ser um rock and roll. 
Ao Pedro Silva, um dos nossos professores da corrida, mas aquele que me fez começar a correr, e o que sempre me desafiou a alcançar novas metas, cada vez mais longas e totalmente inesperadas para mim há quatro anos atrás.
Pedro, acho que para ti não terei palavras suficientes para agradecer (agradecermos), pelo desafio semana após semana sem desmotivares mesmo quando nós próprios não estamos motivados, pelo plano de treino da maratona (mesmo bom porque fez com que a tartaruga cor de rosa conseguisse concluí-la), por todas as vezes em que supliquei e vieste correr séries comigo, por te rires dos meus pesadelos com a prova, por me tentares acalmar na partida, e estares lá para celebrar connosco a chegada. Esta minha/nossa conquista é sobretudo tua.
Terás sido simplesmente o nosso professor de corrida, mas hoje em dia é óbvio que és tão mais do que isso para nós, és um amigo, um daqueles que temos que agradecer por ter, obrigada. 



sexta-feira, 22 de abril de 2016

Maratona e o drama dos porquês

A pior coisa que se pode perguntar a uma alma perdida que se tenha inscrito numa maratona é "mas vais correr a maratona porque?". É o equivalente a perguntar a um peregrino porque é que ele iniciou a sua peregrinação. 
Porquê, perguntam vocês, em bom rigor porque nem sempre sabemos a resposta, ou às vezes sabemos e não queremos expor-nos, mas para mim, porque me faz sempre voltar cá dentro e questionar "Inês Daniela porque é que embarcaste nesta toleira? ". É por isto. 
Próxima pergunta mais irritante de sempre " quantos km é que são mesmo?". 
Mais uma vez porque as almas perdidas que tomam esta decisão já têm alguma dificuldade em dormir com o peso destes 42km, não é preciso estarem sempre a lembrar-lhes disso. Eu tentei muito focar-me só no próximo treino, e assim, gerir o pânico dos 42km. Mas, haja jogo de cintura, não foi nada fácil. 
Há ainda outra pergunta muito popular, que é "então e estás preparada?". 
Às vezes ainda faltavam 2 ou 3 meses e já me estavam a perguntar se estava preparada. Ora, claramente que se faltava aquele tempo todo, não estava preparada, não era preciso assombrarem-me com essa nuvem negra. 
Para mim, mulher, a mais aborrecida de todas as perguntas "então quanto é que já emagreceste?". 
Então não há uma lei onde diz, taxativamente, que as mulheres não gostam, e têm direito a não gostar, de falar no peso? Há, claro que há! Então porque é que eu haveria ter nascido diferente? Eu sei que sou muito à frente em muita coisa, mas nem tanto!!!!! 
A verdade é que não emagreci nada, nadinha. E quando digo isto instala-se a discórdia porque há dois clubes. Um deles diz "olha é uma pena porque bastava 1kg ou 2kg e sentias-te muito melhor". A estes tenho simplesmente a dizer que não me importava nada de ter emagrecido, mas não aconteceu. Mas depois há o outro clube "o que? não emagreceste mas estás tão mais magra". O que dizer a estes além de que tenho balança e espelho em casa? 
À parte destes disparates todos, meus e dos outros, e como sou uma pessoa muito abençoada nos afectos, tenho acima de tudo recebido muitas palavras de surpresa, apoio, carinho, encorajamento, e até, imaginem só, de alguns inocentes, de admiração. Aos meus amigos que estão comigo em tudo, já sabem que vou pensar em vocês como um náufrago pensa num bote de borracha, aos inocentes, esses, o que dizer? A tartaruga cor de rosa da Inês espera não ser o vosso banho de água fria neste mundo, mas podem preparar-se para isso, a vida é dura, e a prova é longa e sobe muito. 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Maratona ou a história de ir onde me leva o coração

Já vos disse que comecei a correr só para provar ao meu professor que não conseguia e o calar ? Já, já disse. Ter-vos-ei dito também um sem número de vezes que corro porque sou mais feliz a correr, porque correr me faz pensar e esquecer, porque naquele jogo pé esquerdo / pé direito encontro-me e descubro-me. Corro por puro capricho, porque gosto, e é muito mais o que eu gosto do que o que corro, e corro com o coração tão melhor do que com as pernas. 
Em Novembro passado este meu coração levou-me a correr os primeiros 15km da primeira maratona com o meu padrinho querido, ficar a assistir os profissionais a terminarem a 20km/h, e depois, ansiosa e cheia de orgulho, aplaudir os meus colegas de corrida que também participavam na maratona pela primeira vez. Esta espera mudou tudo cá  dentro, a emoção estampada na cara dos meus colegas e dos desconhecidos, o sofrimento derrubado pela força da superação, de mãos dadas com a alegria fizeram-me vibrar e, admito, bater palmas e chorar. 
Quem corre acho que olha sempre para a maratona com admiração, medo mas acima de tudo muito respeito. Quando percebi que a corrida tinha vindo para ficar na minha vida, dizia muitas vezes à minha parceirinha " quando formos grandes corremos uma", e naquele dia tive a certeza de que queria aquela meta para mim. Bastou isto, o desafio de uma prova internacional em grupo, e a minha irmã ao telefone a dizer " se queres essa meta, qual é o sentido que faz adiares o que te fará feliz". Não tive resposta para ela, sabia que o que me fazia hesitar era o meu próprio medo, e se a corrida me ensinou alguma coisa, foi que somos capazes daquilo a que nos entregamos de coração. 
Inscrevi-me, comprei a viagem e entrei em pânico. Durante imenso tempo não quis contar a ninguém, e até hoje não estou certa se partilhei esta minha loucura com todas as pessoas da minha vida, receio que não. Aos que terão sido esquecidos peço oficialmente que me desculpem, mas agora já não sei a quem disse ou não disse. 

Temo bem que não vá ser um rock 'n' roll mas eis o meu dorsal, e, amiguinhos do meu coração, sépticos da minha vida, aos que são contra as minhas corridas sobretudo esta, M. é para ti, façam o download da aplicação em http://www.runrocknroll.com/madrid/promotion/2016/01/nueva-app-del-edp-rocknroll-madrid-maraton-12/ façam figas, rezas e mezinhas, serve tudo.  
Faltam dois dias, socorro. 

Maratona: foi assim que aconteceu

Consegui, é quase tudo o que me ocorre dizer-vos. Foram 42km mesmo felizes, e sempre a correr (o que era a minha grande ambição pessoal). 
Uma prova que comecei super nervosa, só de imaginar como é que ia reagir depois dos 30km (nos treinos não ultrapassamos esta distância). Juro que só pensava na minha mãe e que até rezei um pai-nosso. 
Até aos 5km ia a tremer por dentro, depois finalmente consegui encontrar o meu eixo e deixei-me ir. 
E fui. Mentalmente fui jogando com os números. Até aos 21km ia pensando "ai já só faltam 10 para a meia", depois comecei a contar quantos faltavam para os 30km, que era a referência máxima que eu tinha de treino. A partir dos 30km fiz o sinal da cruz e concentrei-me na música até ao fim. 
Madrid é uma cidade muito bonita, e arquitetonicamente muito imponente, o que também ajudou a que me distraísse, ou a descobrir sítios novos ou a relembrar os que já conhecia. 
Ajudou muito o facto de, apesar de estar sol, passar quase sempre uma brisa fresca e o percurso ter imensas sombras. Andei, sempre que pude, à cata de sombras.
Temerária foi a ideia de planearem o percurso de maneira a que nos primeiros 6km fosse sempre a subir, mas isso eu até perdoava, agora, voltar a subir sem parar dos 33km aos 40km, é que já acho mesmo uma crueldade. 
Quando se fala sobre a maratona muita gente pergunta pelo muro, e quando fiz o treino dos 30 perguntaram-me logo se tinha encontrado o meu. Nunca entendi muito bem o que seria este muro até o encontrar hoje ao km 38. Só me apetecia fazer birra e dizer "já não brinco mais a isto das corridas". As minhas pernas já não aguentavam mais tantos km a subir e eu também não conseguia ver onde é que terminava.  
Posso dizer que aproveitei imenso a prova até aqui, com esforço claro, mas tranquilo, mas que a partir dos 38km custou imenso, até entrar no Parque do Retiro, já a descer, e a ver uma meta plana, e aqui sim, com tanta gente a aplaudir, fiz a minha pequena festa, gastei o fim do cartucho e ainda acelerei até à meta ( pouquito é verdade, mas o que deu) e foi como eu sempre quis: feliz. 



segunda-feira, 18 de abril de 2016

De Espanha nem bons ventos...

Nem bons tempos !!!
Dia 10 rumei a Vigo para a minha primeira prova fora de Portugal. O facto de Vigo ser tão perto, e de o fim de semana ter sido planeado entre amigos tirou o nervoso miudinho à prova. 
Devo ser das poucas portuguesas que ainda não conhecia Vigo, mas sem fugir à regra, gostei muito. Claro que sermos recebidos com hospitalidade e carinho máximo pela I. e A. fez toda a diferença. Obrigada! 
A cidade vive em altos e baixos, e em comunhão com o mar, e só por isso, já me deixou rendida. Entre tapas e o habitual levantamento de dorsais o sábado passou rapidamente, não sem antes encontrar o P.O. que também havia rumado a norte com o mesmo pretexto ( ou desvario) que o nosso. 
No dia da prova acordo com o barulho da chuva e do vento, de tal forma que pensei mesmo que iam cancelar a prova. Com o passar das horas tanto a chuva como o vento foram abrandando, mas  não o suficiente, já que comecei a prova totalmente encharcada. O querido vento esse, nunca deixou de me empurrar ou para trás ou para o lado. A prova em si estava bem organizada, e é realmente muito bonita porque são 21km sempre à beira mar, num percurso totalmente linear, sem repetições, o que eu adoro. 
Cortei a meta ( a morrer!) e a ouvir a minha parceirinha chamar o meu nome. Não fosse estar a chover, teria sido perfeito. 
Não tenho muitas fotos mas deixo-vos estas onde transparece o meu sofrimento ( esforço !)

No final todos juntos, eu pareço tão mais pequena no meio deles!!! Foram 2h02min .