Foi muito bom mas acabou aqui, em Con Dao, e acabou em bom (demais).
As tartarugas bebés recem nascidas é que recolhemos para devolver ao mar. Era um sonho antigo, do qual além da viva memória restam poucos registos fotográficos porque as tartarugas seguem a luz, pelo que é necessário mantermo-nos à penumbra do luar, para as fazer entrar no mar. De cada 10000 tartarugas bebés que entram no mar apenas uma sobrevive, as fêmeas que atingem os 25 anos regressam sempre à praia onde nasceram para desovar. Foi maravilhoso e repetia tudo novamente, não há nada como ser espectadora da magia da natureza.
Queria muito terminar esta viagem com pés na praia e mergulhos no mar, e assim foi.
À procura de uma praia que fosse pouco afectada pelas monções naquela altura do ano encontrei este paraíso verde.
Con Dao pertence já ao Vietnam e além de hoje em dia ser uma reserva natural em bruto, no século passado foi o destino de muitos prisioneiros políticos Vietnamitas, reputadas mundialmente como as prisões mais violentas do mundo.
Mostro-vos então o paraíso, mas não vos esconderei os vestígios do inferno que a história conta.
Areia fina, água morna, marés baixas foram sinónimo de algumas horas de molho a contemplar e contar conchas.
Há várias prisões mas visitei só esta, não tive estofo para mais, assumo-o. Tinha lido um pouco da história e algumas descrições de como era as "tiger cages", mas ali, foi impossivel não chorar, não ouvir o desespero daqueles que foram ali torturados.
Foi um (mais um) murro no estômago e ao mesmo tempo uma lição de história e humildade. Tenho muita sorte por ter nascido no ocidente, no paraíso à beira-mar plantado e numa época plena de democracia.
A despedida, feliz, coração transbordante e agradecida, por tudo, mas principalmente por todo o amor que preenche e dá sentido à (minha) vida.