Como explicar a vivência daquelas pessoas? Como explicar os jardins e hortas suspensos, as casas construídas em estacas, as paredes de folhas entrançadas? Como caracterizar as janelas abertas de par em par, onde não passa uma brisa, a porta sem porta onde preparam a comida, conversam, tomam banho vestidos com água do lago? Como dizer que as vi vazias de coisas, e fui olhada com um olhar e sorriso cheios de tudo? Não sei.
As hortas flutuantes
As crianças que nos olhavam entre o curiosas e o envergonhadas, e que, quando olhadas de volta, sorriam deliciosamente
Uma das opções do passeio de barco eram as mulheres girafas, as que se veem aqui. Ora, como no ano passado não as cheguei a ver em Chiang Mai, e me haviam dito que elas eram naturais de Myanmar e viviam como refugiadas, achei que era uma oportunidade de as conhecer. Só que não. Na realidade, elas não são daquela região. Ludibriada, percebi que estavam ali como bonecas amestradas, chamariz da loja de artesanato, e quase voltei para o barco. Mas já estava ali e elas olhavam para mim, para a minha hesitação e fiquei. Tentei falar com elas e viravam a cara ou responderam aborrecidas, perguntei se viviam ali. Não, não viviam. Então trabalham cá? Sim, desde os 9. Vão à escola? Não, ficamos aqui. E o meu coração ficou partido. Elas não queriam conversar, e eu não as sujeitei mais a isso.
Uma delas estava, ao lado a tecer, diziam. Parecia encenação e eu não acredito nesse teatro.
Estas casas por todo o lado
A natureza a fazer-se vingar mais do que o Homem.
Com uma extensão de 100km comprimento, e uma largura máxima de 5km (mais coisa menos coisa), o lago é casa e sustento de muitas famílias, que vivem nele e dele.
Aqui não é como se o tempo tivesse parado é, antes de mais, uma realidade paralela, capsulada no tempo. O Inle revelou ser exuberante na sua riqueza natural e humana.
Tudo é grande, longe e devagar. A uma hora de viagem de avião adiccionou-se uma de carro e outra de barco. Como se fosse um filme antigo em que alguém fez play.
Uma bomba de gasolina no meio do lago
As colheitas
As vendas de rua
Os camiões sempre prontos para um arranjo no motor (funcionavam, eu vi!)
O mosteiro onde dizem que treinam gatos (não vi nada), mas de onde queria ter trazido os tapetes todos!!
Este charmoso ficou meu amigo, e brincamos juntos. Tive sorte!
Não percebo porque mas esta senhora atracou-se ao nosso barco, e não desistiu enquanto não vendeu. Olhei os olhos dela e não pude dizer que não. Fiquei tão atordoada com a insistência, quase em desespero, que se fosse agora tinha comprado na mesma, ou mais. O que fazer?
Perdida numa aldeia à procura do mosteiro. Era Lua cheia, e ouvíamos os mantras a serem rezados sem parar. Queria ver como era o dia-a-dia das pessoas comuns, que não estavam em cena no teatro, apenas a viver as suas vidas.
Uma pequena Bagan no meio da selva. Arrepia como ali, no meio do nada, há dezenas de estupas, claramente umas bem antigas do que outras, e que ficam simplesmente ali.
Mesmo no meio do nada, ainda nem quero acreditar.
Sem comentários:
Enviar um comentário