terça-feira, 7 de outubro de 2014

terça-feira, 7 de outubro de 2014

paixão desde adolescente

O Eça de Queirós foi o primeiro homem cujas palavras me fizeram perder o sono, para não perder palavra nenhuma, como se elas se fossem apagar com as horas. 
Conheci-o pessoalmente, tal como a larga maioria das pessoas com Os Maias, e fiquei rendida, apaixonada, embebecida... enfim. Lembro-me de quase ter feito directa no dia em que o comecei a ler, lembro-me de ser gozada por toda a gente por isso, de querer um João da Ega na minha vida, e de me rir tanto que o meu pai de vez em quando perguntava o que é que eu tinha. Hoje, diriam que era uma nerd, na altura era só uma caixa de óculos bem tótó, como combinava com o figurino. 
Eça, Conde de Resende, mais uma coincidência deliciosa que só fez aumentar o interesse. 
Ora, se o livro fez do Eça o autor Português do meu coração, com direito a receber toda da sua obra como presente da mãe por ter entrado na faculdade, a estreia do filme fez-me saltar do sofá, fugir do sono, do barulho das pipocas e ver o filme. 
E então? O filme faz honrar o livro, dá para acreditar?
Gosto de cinema mas, admito, não sou de todo cinéfila, nem entendida, ou tão pouco dedicada, mas já anteriormente, no filme do desassossego, o João Botelho me tinha feito render ao seu trabalho, obra, sensibilidade, jogo de luz sombra, tudo. Com Os Maias não foi diferente, o filme é como qualquer leitor apaixonado sonha que a sua obra seja tratada: com amor, profundo conhecimento, respeito, poesia e verdade. O filme que não pretendeu ser uma ridícula adaptação do antes ao agora, mas antes uma recriação quase teatral nos cenários, no uso do preto e branco e só depois das cores que nos marca o tempo, do guarda roupa, penteados, coches, tudo. O João Botelho filmou Os Maias quase, quase como eu o imaginei, e por isso estou-lhe profundamente agradecida.  E o João da Ega? Fiel e apaixonante, delicioso e divertidíssimo. 
Se estão na dúvida, o filme vale a pena. Acredito que muitos daqueles que não conseguiram ler o livro vão percebê-lo agora. A sátira do Eça está lá, e a actualidade dela também, porque o tempo passa mas a Portugalidade de que somos feitos não. Portanto, play:


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