terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

como dar os parabéns ao homem da minha vida?

Não é isto um cliché, e a maior verdade? Todas temos o homem da nossa vida, aquele que não muda nunca, e está sempre lá, perfeitamente imperfeito: o pai!
Hoje é o aniversário do meu pai, e estou segura em escrever sobre ele aqui porque sei que ele não lê o blogue, e até que alguém, que não eu, lhe fale sobre este post, muitos e longos dias passarão, mas nem por isso, ou por isso mesmo, perco a vontade de o fazer. 
O meu pai não existe! Aliás a frase certa é dita em uníssono (rouco/roufenho, como preferirem!) por mim e pela minha irmã. Por muitos anos que passem, ele, o senhor meu pai, continua a surpreender-nos. Mas não procurem, não vale a pena, a forma em que foi feito partiu-se, é exemplar único, sem réplica portanto, e é nosso!
O meu pai é, antes de qualquer coisa um Rochinha, e toda a minha extensa família Rocha compreende o que quero dizer com este adjectivo. É impossível falar no meu pai e não falar na sua extraordinária capacidade de trabalho. O trabalho é para ele quase tudo, e se não fossemos nós a por-lhe um travão, às vezes era mesmo tudo. O difícil para ele é não estar a trabalhar, e o difícil para nós, às vezes, é aturá-lo quando não está, porque fica mesmo irritado. Já ouvimos cá em casa duas grandes promessas relativas à reforma dele, mas continuamos à espera... 
Dormir? É um perda de tempo e de vida, só se dorme o mínimo necessário, porque o trabalho é que dá saúde, não é a cama (consigo ouvi-lo na minha cabeça a dizer-me isto!). A personalidade dele? Difícil, mesmo muito. O meu pai gostava de ter sido um tirano cá em casa, mas teve duas filhas iguais a ele, logo, não foi possível. 
É exigente, mas muito claro, eu a minha irmã crescemos a saber bem quais eram as regras do jogo. À medida que fomos crescendo, aquilo que podia parecer duro na vida fora de casa, não era nada quando comparado com as batalhas dentro de casa. Tivemos sempre tudo o que quisemos, mas sempre pagamos o preço por isso. O meu pai ensinou-nos bem o preço das coisas, mesmo das mais pequenas, como ir ao cinema, ir às festas da escola, de férias com os amigos, tudo. Até conseguíamos ir, mas tínhamos que fazer muito bem o nosso trabalho (estudar), e argumentar muito, até ao infinito, num longo braço de ferro, onde se corresse bem, nós ganhávamos. Ganhámos quase sempre, somos rochinhas! 
Se há uma coisa que o meu pai vai deixar marcada na nossa maneira de ser é a lição de que não devemos desistir do que queremos, o sabermos bem o que queremos, e estarmos dispostas a lutar por isso. Isto não tem preço, e tem feito toda a diferença na minha vida, e na da minha irmã então, um impacto notável. O facto de ele ser um machista fez com que se preocupasse muito em educar duas mulheres a serem independentes.
Íntegro, não com i maiúsculo, mas em maiúsculas. Lembro-me de um dia, depois de jantar ter dito ao meu pai para ele não se esquecer de me deixar na manhã seguinte 5 escudos para uma chicla, que eu tinha ficado a dever na papelaria da rua. Bem, a cara dele, aqueles olhos pequeninos abriram muito (o maior sinal de perigo!) e disse-me para ir naquele momento a casa da dona da papelaria pagar a chicla, porque na vida só  era digno ficar a dever aos outros coisas de que se precisasse mesmo muito, como uma casa, um carro, se dependermos dele para trabalhar, ou comida. E lá fui eu bater à porta da senhora, encolhida na minha vergonha, mas marcada na minha memória. 
Palavras? É um homem de poucas palavras, quantas menos melhor, mas os seus pequenos olhos de azeitona dizem o resto. Porém, é um homem de grandes gestos, é o homem que há 37 anos saiu de casa dos pais, fugiu literalmente como nas histórias, para casar com a minha mãe. Não foi ninguém da família do meu pai ao casamento, e quase não tiveram festa, mas como ele me disse uma vez, os casamentos não se fazem de festas e vestidos, constroem-se de amor, e projectos em comum. Quem diria, para um pequeno tirano, uma contradição tão saborosa?
Duro, como todos os rochas, o meu pai foi melhorando como homem, à medida que nós fomos nascendo e crescendo. Há um lado dele que é da total responsabilidade da minha mãe, a ternura, que lhe custa muito mostrar, mas que é sempre adubado por nós, e onde a minha adorada M. não se cansa de brincar. O meu pai é uma pessoa melhor desde que é avô, uma pessoa maior, mais segura na demonstração dos afectos, e por isso também hoje está de parabéns, porque ele conseguiu que a idade o aproximasse do amor, e cada vez com menos medo. 
Por isso, e por mil outras histórias que guardo cá dentro, parabéns pai, por seres o homem das nossas vidas, por nos fazeres querer sempre mais e melhor, mas sempre, sempre, sempre, pelo caminho certo. 


p.s: obrigada ao M.L. por ter permitido que este dia fosse do teu lado***

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