quarta-feira, 20 de novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

porque quem corre é mais feliz: obrigada!

Faz agora um ano que comecei a correr.
Já tinha corrido antes, claro, já tinha tentado instituir este hábito a mim própria, sem nunca passar dos 2,5 km, mas foi há um ano que a corrida entrou na minha vida. Soube-o na altura, e é um conforto ainda hoje, saber que veio para ficar. 
Corro porque sim, porque gosto, e embora seja bem maior o meu gosto pela corrida, do que aquilo que eu, efectivamente, consigo correr, vale a pena. Se corresse tanto quanto gosto, seria um foguetinho.
Gosto do desafio que cria em mim, cá dentro, gosto daquele momento perto dos 5km em que já não sinto os músculos, só prazer. Gosto de ser privilegiada e correr  no abraço do rio Douro à praia, gosto quando é de manhã e está frio, e tudo em mim me diz que devia ter ficado a dormir, mas ainda assim me levanto, porque sei que vai valer a pena, gosto quando é ao fim da tarde e há a brisa do mar a brindar-nos, ou quando há por-do-sol a seduzir-nos. Gosto, e gosto mesmo muito. 
Correr não é um exercício de fuga, é até um exercício de encontro, porque quando corremos, mesmo que seja em grupo, corremos sozinhos. Cá dentro da nossa cabeça somos só nós, a vontade de correr, e a de chegar. E por isso correr é até encontrar-mo-nos cá dentro, porque na corrida a nossa cabeça leva-nos, tão ou mais longe, do que as nossas pernas, e isso fideliza-nos. Isso, e a liberdade. 
Se quem corre é mais feliz, quem corre é também livre. Só precisamos de vontade, porque corremos com chuva, sol, frio ou calor, de dia ou à noite, no asfalto ou em terra batida. Acho que quem gosta de correr, e se realiza na corrida, são também aqueles para quem o perfume da liberdade faz sentido. 
Gosto de correr com música, porque assim quando todo o meu corpo me berra a dizer que não aguenta mais, eu faço ouvidos de mercador, e continuo.
Gosto muito, mesmo, de correr no meu grupo, a RCHP. Correr em grupo é um compromisso, de que vou correr naqueles dias e naquelas horas, e portanto arranjo tempo para a aula, mas também é o compromisso de terminar o objectivo da aula, porque vemos os outros à nossa frente, e não queremos ficar mal, queremos superar-nos. Corro há um ano naquela aula e ainda hoje não sei o nome de muitos, mesmo muitos, dos meus colegas, e isso não me incomoda. Na verdade até gosto, porque naquela hora não interessa quem são, o nome, a idade, ou que fazem, nada, interessa que estamos ali todos por escolha, pelo mesmo gosto.  Isto une-nos, cria um espírito de equipa delicioso, surpreendente, e sem preço. 
Não poderia celebrar aqui o meu primeiro ano de enamoramento com a corrida, sem agradecer aquelas pessoas que têm responsabilidade clara nisso, logo: 
  • A., amiga e colega de trabalho, porque a tua determinação e velocidade, sempre foram e, serão sempre, uma inspiração;
  • HV., amigo e colega de trabalho, porque a tua conquista por uma vida saudável é um exemplo, e uma garantia de que somos capazes;
  • L. e RD., colegas e parceiros na equipa, porque quando comecei a ir às aulas vocês acolheram-me carinhosamente, fizeram-me acreditar, e com isso fizeram com que sentisse que o meu lugar também podia ser ali. Ainda agora olho para o L. e penso quando for grande quero ser como ele. RD. sentimos todos a tua falta!;
  • I., porque fomos ficando parceiras, quase sem nos apercebermos, e hoje em dia somos um bom desafio uma para a outra;
  • Às cenouras, que me incutem ritmo, e a todos os colegas do pelotão da frente porque inspiram, e os que correm atrás de mim, porque me fazem sentir acompanhada.
Em particular, e em especial, ao PS porque a ele devo todo o gosto que tenho pelo treino, o prazer que tiro dele, e a pouca disciplina com que o faço. Foi ele quem me chamou para a aula de corrida, vez após vez, sem esmorecer na motivação com que o fazia, nem no sorriso, mesmo quando eu me recusava a experimentar, e ainda brincava com ele. Porque ele sempre acreditou, mesmo quando eu não acreditava, e ainda hoje é o único que consegue despertar em mim a vontade de querer mais, mais quilómetros, mais velocidade, etc.. Pese embora, às vezes, seja mesmo só para o calar, porque a hipóxia já não me permite ouvi-lo mais!! Há um sentido de compromisso em mim, plantado por ele enquanto foi meu pt, e que perdura, e todos os benefícios (além do prazer) de que eu possa tirar proveito para a minha vida futura, fazem valer o investimento que ele foi. A alegria que retiro da corrida vou devê-la sempre a ele, porque só fui à primeira aula para lhe mostrar que não era capaz, e acabei por adorar.
Não sei se há um, antes e depois, na minha vida desde que comecei a correr, mas  posso garantir-vos que quem corre é mais feliz, e isso vale tudo!
fui ali ser feliz :) querem maior cliché?!

1 comentário:

  1. Identifico-me com muito do que escreveste!

    - Com o desafio que nos cria cá dentro, de querer fazer sempre melhor, mais rápido, mais quilómetros e sobretudo o desafio de não desistir mesmo quanto estamos no limite

    - Também tenho o privilégio de correr no abraço do rio Douro à praia e embora às vezes vá a Gaia faço-o principalmente do lado oposto, no Porto.

    - É um exercício de encontro, porque como dizes, cá dentro somos só nós e a correr é que conseguimos encontrar o nosso equilíbrio.

    - Quem corre é livre e a liberdade de escolher correr à chuva é uma óptima sensação!

    - Também gosto de correr em grupo, ajuda-nos a evoluir e quando feito com um professor ajuda-nos a evitar lesões e a aprender muito.

    Só me resta dar-te os parabéns por este ano de corridas e espero te encontrar em muitas provas! E quem sabe um dia que me lembre de ir correr em direcção a Gaia e tu te lembres de ir correr em direcção ao Porto nos encontremos na ponte que abraça as duas cidades!

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