quinta-feira, 7 de setembro de 2017

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Inle Lake, a beleza de um murro no estômago


Deve haver um adjectivo que se situe entre o murro no estômago e o deslumbre mas, por mais que pense, ainda não me ocorreu. Essa palavra faz-me falta agora. 
Como explicar a vivência daquelas pessoas? Como explicar os jardins e hortas suspensos, as casas construídas em estacas, as paredes de folhas entrançadas? Como caracterizar as janelas abertas de par em par, onde não passa uma brisa, a porta sem porta onde preparam a comida, conversam,  tomam banho vestidos com água do lago? Como dizer que as vi vazias de coisas, e fui olhada com um olhar e sorriso cheios de tudo? Não sei. 


Com uma extensão de 100km comprimento, e uma largura máxima de 5km (mais coisa menos coisa), o lago é casa e sustento de muitas famílias, que vivem nele e dele. 
Aqui não é como se o tempo tivesse parado é, antes de mais, uma realidade paralela, capsulada no tempo. O Inle revelou ser exuberante na sua riqueza natural e humana. 
Tudo é grande, longe e devagar. A uma hora de viagem de avião adiccionou-se uma de carro e outra de barco. Como se fosse um filme antigo em que alguém fez play.

A aldeia dos pescadores

Os pescadores a pescar de verdade 

As redes que usavam antes, e que hoje em dia são cenário para turista ver

Uma bomba de gasolina no meio do lago

As hortas flutuantes

As colheitas 

As vendas de rua

Os camiões sempre prontos para um arranjo no motor (funcionavam, eu vi!)

As crianças que nos olhavam entre o curiosas e o envergonhadas, e que, quando olhadas de volta, sorriam deliciosamente 
 
Trânsito no lago

O mosteiro onde dizem que treinam gatos (não vi nada), mas de onde queria ter trazido os tapetes todos!!

Este charmoso ficou meu amigo, e brincamos juntos. Tive sorte!

Uma das opções do passeio de barco eram as mulheres girafas, as que se veem aqui. Ora, como no ano passado não as cheguei a ver em Chiang Mai, e me haviam dito que elas eram naturais de Myanmar e viviam como refugiadas, achei que era uma oportunidade de as conhecer. Só que não. Na realidade, elas  não são daquela região. Ludibriada, percebi que estavam ali como bonecas amestradas, chamariz da loja de artesanato, e quase voltei para o barco. Mas já estava ali e elas olhavam para mim, para a minha hesitação e fiquei. Tentei falar com elas e viravam a cara ou responderam aborrecidas, perguntei se viviam ali. Não, não viviam. Então trabalham cá? Sim, desde os 9. Vão à escola? Não, ficamos aqui. E o meu coração ficou partido. Elas não queriam conversar, e eu não as sujeitei mais a isso. 

Uma delas estava, ao lado a tecer, diziam. Parecia encenação e eu não  acredito nesse teatro. 

Não percebo porque mas esta senhora atracou-se ao nosso barco, e não desistiu enquanto não vendeu. Olhei os olhos dela e não pude dizer que não. Fiquei tão atordoada com a insistência, quase em desespero, que se fosse agora tinha comprado na mesma, ou mais. O que fazer?

Estas casas por todo o lado 

Perdida numa aldeia à procura do mosteiro. Era Lua cheia, e ouvíamos os mantras a serem rezados sem parar. Queria ver como era o dia-a-dia das pessoas comuns, que não estavam em cena no teatro, apenas a viver as suas vidas. 

Um mercado, meio fechado,meio aberto, para as celebrações da lua cheia. 

Uma pequena Bagan no meio da selva. Arrepia como ali, no meio do nada, há dezenas de estupas, claramente umas bem antigas do que outras, e que ficam simplesmente ali. 

Este Buda a olhar e a resistir ao tempo passar. Até quando? 

Mesmo no meio do nada, ainda nem quero acreditar. 

As marionetas por todo o lado, são um símbolo da cultura deste país. 

A natureza a fazer-se vingar mais do que o Homem. 

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