segunda-feira, 18 de setembro de 2017

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Sabaidee Laos


Esta sucessão de países, que parecem uma realidade paralela, faz-me sentir emolcionalmente confusa. Pois, por um lado, constato novamente como os dados da sorte me favoreceram, mas por outro, em como o essencial é como jogamos (nos deixamos jogar, na verdade) este monopólio. 
É nesta ambivalência que aterro no Laos, sentido que me tiram o tapete e pegam ao colo, tudo ao mesmo tempo. 
Muito menos badalado que o vizinho Camboja, o Laos é ternamente arrebatador. 
Entre arrozais e montanhas, rios e cascatas, há um dia-a-dia que flui sem sofreguidão, uma aceitação que vai muito para além da passividade, e um saber receber cuidadosamente atento. 
Luang Prabang cresceu em redor do rio, é pacata e charmosa, e aqui mesmo os pais pobres não pareciam atingir o nível de mendicidade de Siem Reap, que tanto me chocou, há que o dizer. Chocou, não pela pobreza em si, mas pelo volume de negócio facturado pelo estado que a cidade representa, e que não vi traduzido em políticas sociais para a população. E não é tão assustador, que o turismo possa ser tão preverso, acentuando a desigualdade social quando era expectável que fosse a fonte certa para a colmatar? Pedra após pedra que se unem como legos, não será isso que o tempo da história tem para nos ensinar? Porque será que a ciclocidade dela nos faz cárceres dessa ronha, e nos impede de crescer, fazer diferente e melhor? 
Reminiscências e desabafos à parte, voltemos ao Laos. Então, cheguei cansada e atordoada com as muitas e tão intensas vivências anteriores, pelo que automaticamente ficou decidido abrandar o ritmo, ignorar um pouco a sofreguidão de quem quer ver e conhecer tudo em contra-relógio. 
De mota perdemo-nos propositadamente pela cidade, parámos por impulso sempre que deu vontade e não vimos nenhum templo, já que além do resto, também precisava de um descanso deles. 
Os dias foram saborosos, devagar, por pontes de madeira e ruas esburacadas, e de tudo, sem surpresa, as pessoas foram o que mais gostei. 

Cascatas de Kuang Si, a uns 30km da cidade 

Gostei tanto que repetímos esta piscina azul no meio da floresta, com uma água tão limpa e fria que parecia irreal. 

Quase que se consegue ouvir a água a cair no trono do seu reino

O Palácio Real, rebuscado e ornamentado à altura e que é tão mais impressionante por dentro (onde não deixam fotografar) do que por fora. 

Parece um cromo repetido mas não consigo me cansar desta pastilha colorida em todo o lado

Monte Phousi, muitos degraus, as melhores vistas da cidade, espelhos de água e molduras verdes a perder de vista

Estes gatos bebés estavam a miar desalmadamente atrás de uns turistas, miavam de fome, e foram ignorados por eles. Não sei como depois de saber o que pessoas fazem com (contra) pessoas como ainda me sinto desiludida e frustrado por ver pessoas a tratarem animais assim, com indiferença. Fui à banca mais perto, a dona não falava inglês, mas apontei para os gatos e ela levantou-se e indicou-me estes biscoitos. 

O pôr-do-sol 

O mercado da manhã, é um misto de cores e cheiros e atracção e repulsa. Por isso mesmo, irresistível. 


Esta foto fez-me recuar anos e anos, e fazer-me sentir no Mercado Abastecedor do Porto, em que estas laranjas foram melões, e ali ao lado estaria eu e aninha mana. A nostalgia do paralelismo e da semelhança.

A ronda das almas. 
Luang Prabang é muito conhecida (embora esta cerimónia seja Budista é portanto prática comum em todos os países Budistas) pela cerimónia.

Começa com os mantras da purificação da água, cantado/rezado em fila e uníssono por dezenas de monges. 

Eles têm as idades mais diversas, cabelos rapados, descalços, e só comerão naquele dia o que recolherem ali. 

Ainda não sei como reagir sem me emocionar, com a fé destas pessoas que acordam às 5h para alimentar, ou serem alimentadas por esta fé. 








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